Pentecostes
(Prédia pronunciada pelo Rev. Luciano José de Lima, na Capela da Serra, em 3 de junho de 2012.)
Existe um koan japonês que diz:
“Minha casa pegou fogo. Nada mais me oculta a Lua deslumbrante”.
Há que se aprender a lição de tais ruínas. Uma chama desce, arde na alma, inflama de amor o peito, derruba ídolos e suas paredes de separação, divisórias invisíveis que segregam. E assim, vemos o invisível a falar a cada uma, a cada um. A dizer de si boas palavras em todas as línguas do cosmos, todas as linguagens do mundo. Babel está arruinada, seu projeto de poder e univocidade desmoronou. Um novo mundo pode ser vislumbrado onde as paredes da velha torre outrora se erguiam: é Pentecostes!
Por isso dizemos com Leloup, se minha casa pegasse fogo, eu salvaria o fogo, esta chama que refunda a comunidade dos sem-teto, aberta ao infinito. Uma chama, centelha de amor, brasa de compaixão que, quando soprada pela Brisa, toma conta de tudo, desfaz nossa Babel particular, faz ressurgir a comunidade solidária.
Que esta chama de muitas línguas, se converta em palavras que ardam quando contadas/cantadas, sussurro divino nos ouvidos humanos e, com alegria, seus acordes nos acordem para os outros, toda a oikoumene.