O amor venceu a dor
⁂
Graça e paz da parte daquele que é, que era e que há de vir.
Gloria seja ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, é hoje e para sempre, sempre e sem fim. Amém!
Leitura do Evangelho segundo São Mateus, no capítulo 18, dos versos 1 ao 3:
Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
A D. Odete abraçou incondicionalmente o convite de Jesus e decidiu voltar a ser criança. Foi assim que nos últimos tempos ela desencadeou um processo de reaprender a ser criança. E para se aprender a ser criança é preciso desaprender o mundo dos adultos.
Para que uma criança se torne adulta ela deve aprender muitas coisas e conhecer muitas pessoas. Mas, Para ser criança, a mãe passou a desconhecer certas pessoas e a desaprender certas coisas.
E assim foi desaprendendo aos poucos, a começar das memórias recentes até restarem somente as da infância, as realmente essenciais.
Ela desaprendeu a andar, desaprendeu a falar, desaprendeu a comer, desaprendeu a cuidar sozinha da saúde e da higiene…
E quem teve o privilégio de fazer isso por ela foram os seus filhos, especialmente as filhas que a cercaram de especial carinho, dia e noite, ainda mais nos últimos tempos. E tivemos que fazer pela mãe o que ela já havia feito tantas vezes por nós quando éramos bebês.
Nesse processo de se tornar criança, no entanto, duas saudades nunca a abandonaram: a saudade da sua mãe, a vó Eugenia, e a saudade da sua primeira casa.
Até o último momento ela falava de quanta falta ela sentia da sua própria mãe. E nos lembramos então do que dissera certa vez Rubem Alves sobre a saudade: “A saudade é uma criança perdida na floresta gritando: Mãe!”
É a mesma saudade que estamos sentindo hoje.
A mãe também sentia uma saudade sem fim da “sua casa”. No começo tentávamos convencê-la de que ela estava na casa dela, mas não havia meios. Sempre por volta das 5 horas da tarde, ela se arrumava, calçava os sapatos, ia para a porta e pedia “Por favor, me levem pra casa”. Então deduzimos que era da casa da infância que ela falava, de quando morava no Instituto Cristão. Chegamos a levá-la até lá, mas essa também não era a casa para onde ela queria voltar.
Finalmente compreendemos de que casa ela estava falando. Acontece que a mãe, como poucos, compreendeu bem o sentido das palavras de Cristo, registradas no Evangelho de João (14.1-6):
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
Era dessa casa que ela sentia saudades. E é o Rubem quem mais uma vez nos lembra que “a saudade é a nossa alma dizendo para onde quer voltar”.
E foi na tarde de ontem, por volta das mesmas 5 horas, que ela finalmente encontrou o caminho definitivo para a sua verdadeira casa.
A esta altura deve estar ajudando Jesus a preparar mais cômodos para hospedar mais gente querida, porque essa era uma das coisas que ela melhor sabia fazer: receber gente em sua casa e hospedá-las em seu coração.
Para a D. Odete, toda dor e sofrimento chegaram ao fim e a própria morte foi vencida. Sobrevive, no entanto, esse amor materno, amor primeiro, amor eterno, amor inteiro.
O amor venceu a dor!
Luiz Carlos Ramos
Mensagem proferida no culto de despedida de Odete Henequim Ramos (04.09.1933 – 03.08.2017), celebrado na Igreja Presbiteriana de Castro, aos 4 de agosto de 2017.
Prezado Luiz – linda mensagem – que o Espírito do Senhor te ajude a conviver com a saudade, até o dia em que todos nós encontraremos nossos queridos e queridas na morada eterna.
Quão maravilhoso é saber que um dia toda tristeza se converterá em alegria. Estaremos todos juntos nesse reencontro, pois ELE mesmo disse: “Onde estou, estejais vós também.”
muito bonita e inspiradora mensagem! Que D. Odete seja feliz como criança no colo do Pai! Abração
Linda, comovente e verdadeira mensagem que o filho conta sobre sua mãe e tudo o que dela ele aprendeu. Principalmente guarda a mesma certeza de que, com nossa fé em Jesus, o Cristo, podemos ter a esperança de uma casa bem melhor que tudo o que esta limitada vida nos oferece.
Fraterno abraço, quente como o nosso chimarrão aqui no sul, meu irmão, também ao restante da tua família.
Com carinho,
Mara Aparecida
Que o Espirito Santo console os corações elutando. Estamos orando por sua familia
Professor.
Linda mensagen, inspiradora para os momentos dd despedida.