“O capinar é sozinho”
A colheita é comum,
mas o capinar é sozinho…
(Riobaldo)
Está escrito lá no Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: “A colheita é comum, mas o capinar é sozinho…” Muito do que colhemos hoje com abundância é fruto do capinar solitário e árduo de uns poucos sonhadores-poetas-profetas. Gente pequenina, tão pequenina, que acabou por se tornar mais sábia que os sábios (vd. Pv 30.24).
Houve tempo no qual se duvidava que a escravidão, por exemplo, um dia chegasse ao fim, que as mulheres tivessem seu ministério clerical reconhecido, que o Brasil viveria a plena democracia… O que, no passado, não passava de insensatez, hoje é realidade e direito adquirido.
Claro que há muito por fazer. Aprender a honrar e a respeitar as conquistas também custa. Não falta quem, de má-fé, se aproveite da nossa democracia, inclusive eclesiástica, para impor seu autoritarismo.
Por isso estamos aqui hoje, para comemorar e reafirmar conquistas históricas e para honrar e recordar essa gente pequenina que, uma vez tendo os pés lavados por Cristo, seguiram-lhe o exemplo e saíram lavando outros pés, curando feridas, perdoando pecados.
Gente pequenina que, contra toda incredulidade, provou que um mundo diferente é possível. Porque aprendeu que a as pessoas sempre mudam e que “caminhar com Cristo é experiência sempre nova e envolvente”.
De tal sorte que podemos comungar com a teologia sertaneja do Riobaldo, do Grande Sertão:
“[…] O senhor… Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior. É que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro – dá gosto! A força dele, quando quer – moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza. […]”
Minhas irmãs e irmãos, Deus vem vindo, de mansinho, pra fazer tudo novo. Deus chama a gente pra um momento novo!
Luiz Carlos Ramos
(Palavras de abertura da celebração comemorativa
dos 30 anos do Plano para a Vida e a Missão da Igreja Metodista,
FaTeo, 24.10.2012)
Saudades dos velhos tempos para me inspirar a promover novos
muito bom, professor! abração!
Que gostoso ouvir essa marcha-rancho com letra tão boa. Obrigada mestre.