Da estrela ao estábulo
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Texto e alocução by Luiz Carlos Ramos
Trilha: Steehle Nacht, do padre Joseph Mohr juntamente com o compositor Franz Xaver Gruber
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“[…] e a glória do Senhor brilhou ao redor deles;
e todos foram envoltos em profunda reverência.”
(Lucas 2.9 – LCR)
Esta é a estória de uma estrela luzente e peregrina que, desde o quadrante escuro oriental do universo, vinha quebrando as trevas com sua cintilante luz.
Quantos mundos terá visitado? Quantas aventuras carregará naquele brilho? Quantas sombras terá dissipado? Quantos mistérios, desvelado?
No céu, a estrela reinava soberana. Não sabia o que eram barreiras ou limites, nunca experimentara dor ou derramara lágrimas, não sabia o que era a injustiça, a tortura, e nunca tivera que encarar a morte e a sepultura…
Mas também era verdade que nunca havia experimentado o que era colo de mãe, beijo de pai, afago de irmãos. Não obstante tivesse recruzado toda a Via Láctea, nunca provara uma única gota de leite materno. Nunca acarinhara uma ovelhinha mansa, nem brincara com um cãozinho levado.
Nunca tivera a chance de caminhar na chuva e chapinhar nas poças com os coleguinhas da vizinhança.
Ainda não sabia nada da ternura de observar o pai no exercício do seu ofício e a mãe na realização do seu trabalho. Não sabia o que era fazer amigos e amigas, daqueles leais, que vão com você até às últimas consequências.
Não tinha noção da sensação de alguém lhe lavando os pés com bálsamo. Nem imaginava como seria sentir os lábios tenros de alguém lhe beijando os pés, e aqueles cabelos longos e macios a enxugá-los…
Também não tivera ocasião de tomar uma criança nos braços, niná-la, beijá-la, abençoá-la…
Como seria a sensação de tocar os olhos de um cego? As feridas de um leproso? Segurar a mão de um paralítico e ajudá-lo a levantar-se? Como seria dizer uma palavra e receber em troca um sorriso agradecido?
Como seria enfim, viver, não como uma estrela eterna, mas como uma simples e efêmera vela? Uma vela que se consome tanto para iluminar tão pouco?
Foi então que a estrela eterna, passando por cima de um curral, resolveu descer e se aninhar no colo de uma jovem mamãe de primeira viagem.
Ah! Abraço melhor não pode haver, pensou a estrela. Aconchego assim, não existe em todo o universo. E esse leite! Nada se compara em toda a Via Láctea!
Alguns pastores, que cuidavam das suas ovelhinhas na redondeza, notaram que, de repente, havia uma estrela a menos no céu. Ao mesmo tempo ouviram o choro de um bebê.
Esse, certamente, foi o choro mais feliz de todos os tempos… porque nem sempre a felicidade faz sorrir… às vezes, a melhor maneira de ser feliz é chorar como um bebê, aconchegado no colo da mãe.
Ah!!! pequena estrela, feliz Natal! Feliz Natal!
Reverendo Luiz Carlos Ramos †
Por uma igreja de corações abertos, mentes abertas e braços abertos
Para a Celebração do Natal
| Ano B, 2017.