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T e x t o s & T e x t u r a s

Pacifista sempre, pacificado, nunca!

(Lucas 12.49-56)

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A Pax Romana era algo parecido com o processo de pacificação das favelas do Rio. A seu modo, promovia a aproximação entre a polícia e a população em todo o Império Romano.

Tal pacificação pressupõe quatro fases: Conquista ou Retomada, Estabilização, Ocupação definitiva e Pós Ocupação. O que garante tal pacificação é a força bruta e o poder de polícia. Para isso, os romanos espalhavam seus exércitos e plantavam seus soldados por todas as áreas ocupadas.

Qualquer que ameaçasse a “paz”, era logo “pacificado”. E seus métodos de pacificação incluíam ameaças, prisão, tortura e a pena capital.

Ora, os cristãos conquanto pacifistas, não eram tidos por pacificados.

Ao contrário, eram considerados uma ameaça à estabilidade do império, e com alguma frequência, após denunciados, os cristãos passavam a ser ameaçados, perseguidos, presos e condenados à pena de morte, sob a acusação de que:

“Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui.” (At 17.6)

Quando Jesus diz:

“Não pensem que vim trazer paz à terra” (Lc 12.51),

era à Pax Romana que ele se referia. Isso se confirma porque em outro lugar ele afirma:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá.” (Jo 14.27).

A paz de Jesus não é a Pax Romana, mas o Shalom de Deus. Não é pacificação pela repressão nem pelo poder de polícia. É a paz profunda que resulta da justiça plena. Uma paz que não se obtém com lanças ou fuzis, mas com a consciência do Novo Mundo de Deus:

“Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos.” (Zc 4.6)

Curioso notar que quem diz isso é o “Senhor dos Exércitos”. Esse Deus é um general bem estranho, que prefere vencer a guerra não com os canhões da morte, mas com o vento da paz.

No entanto, o Shalom praticado por Jesus não impediu que ele mesmo e os que seguiram seus passos fossem traídos e perseguidos pelos seus amigos mais próximos, e até mesmo pelos da sua  própria casa.

Contudo os que permaneceram fiéis ao Shalom de Deus foram capazes de, a despeito de tudo, amar até os seus piores inimigos, como fizera Jesus.

Talvez por isso a história não tenha sido ainda mais violenta.

E é esse testemunho que mantém um pouco do que se chama cristianismo em pé ainda hoje, não obstante estejamos tão distantes do Espírito da Paz do Novo Mundo de Deus.

“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.

Bem-aventurados sois vós quando vos insultarem, e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.

Exultai e alegrai-vos sobremaneira, pois é esplêndida a vossa recompensa nos céus; porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.” (Mt 5.10-12)

Um cristão é sempre um pacifista, mas pacificado, nunca!

Rev. Luiz Carlos Ramos
Para o Décimo Terceiro Domingo da Peregrinação após Pentecostes, Ano C, agosto de 2016

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2 Comentários

  1. Fantástico!
    Sem palavras.

  2. Excelente reflexão professor

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